terça-feira, 13 de março de 2007

Um novo começo

O Blogger (que hospeda este blog) recentemente passou a efetuar o log-in de seus usuários através de contas do Google. Para este blog, esta mudança teve um efeito colateral desagradável (devido a um bug que mesclava dois “profiles” diferentes), que só foi solucionado de uma forma radical: deletando o blog, e criando outro.

Usando as cópias de backup deste blog, restaurei todos os artigos. infelizmente, as datas originais dos artigos, e os poucos comentários que tinha, foram perdidos. Fora isto (e uma pequena mudança nas cores do blog), tudo está de volta ao normal.

Nenhum fermento na casa de Ló

Foi uma surpresa para mim descobrir, recentemente, que a primeira menção de pão sem fermento na Bíblia está em Gn 19:3: “…e [Ló] fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram.” Lembrando que fermento, na Bíblia, representa o pecado, e que pão sem fermento representa algo que não tem pecado, eu esperaria encontrar pão sem fermento mencionado no cap. 18, quando Abraão hospedou os mesmos anjos que visitaram Ló. Mas é Ló (e em Sodoma!) o primeiro a ser apresentando com pão sem fermento em sua casa.

Este pequeno detalhe nos sugere o fato surpreendente que Pedro confirma: Ló foi um homem justo (II Pe 2:7-8). Aquele que começou andando com Abraão, o amigo de Deus, depois decidiu sentar-se à porta de Sodoma, e terminou seus dias deitado numa caverna praticando atos de imoralidade, era, apesar de tudo isto, um homem justo! Se não fosse pela revelação inspirada de Pedro, jamais imaginaríamos isto!

As verdades que este exemplo de Ló nos ensinam são solenes. Que possamos meditar nelas, e tomar Ló como um exemplo terrível das profundezas de pecado às quais um verdadeiro cristão pode cair, se ele se afastar da comunhão de Deus e do Seu povo.

© W. J. Watterson

“Tem misericórdia de mim …”

“Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco …” (Sl 6:2); “Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado …” (Sl 31:9); “Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque o homem procura devorar-me …” (Sl 56:1); “Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em Ti …” (Sl 57:1); “Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a Ti clamo todo o dia” (Sl 86:3).

Davi apresenta, no livro de Salmos, cinco razões pelas quais ele clamava a Deus por misericórdia.

Nos primeiros dois versículos, quando ele clama a Jeová, ele menciona a sua fraqueza (“… porque sou fraco … “) e a sua angústia (“… porque estou angustiado …”). Repare o seu humilde reconhecimento da sua fraqueza.

Nas próximas duas ocorrências ele clama a Eloim, e menciona a oposição do homens (“… porque o homem procura devorar-me …”) e a sua confiança em Deus (“… porque a minha alma confia em Ti …”). Os homens podem se opor — Davi confia no seu Deus.

Finalmente, ele clama a Adonai, destacando a sua insistência diante do Seu trono (“… pois a Ti clamo todo o dia”).

Nas fraquezas e angústias, lembremos das promessas de Jeová, nosso Deus. Quando o homem nos perseguir, lembremos da majestade de Eloim, em quem temos depositado a nossa confiança. Que Adonai, nosso Senhor e Soberano, seja o único a quem clamamos, e que nosso clamor seja constante.

Que manifestemos o mesmo clamor humilde, confiante, e constante que caracterizou Davi.

© W. J. Watterson

Pedindo o óbvio

Você pediria alguma coisa que já ganhou? Ou suplicaria por algo que você já sabe, com certeza absoluta, que vai acontecer? A maioria de nós responderia “Não!” — e, em situações normais, a resposta estaria certa. Mas quando se trata de pedir a Deus, devemos ter outra mentalidade, e suplicar constantemente por aquilo que Deus já prometeu nos conceder.

Veja um exemplo. Quando faltavam dois anos para terminar os setenta anos do cativeiro Babilônico, Daniel diz: “Eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos. E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza” (Dn 9:2-3). Entendendo que Deus iria libertar Seu povo dali a dois anos, Daniel ora a Deus suplicando por livramento. Parece desnecessário! Mas “Daniel entendeu que quando Deus está prestes a agir, Ele começa despertando o Seu povo para que sejam restaurados nas suas almas” (H. A. Ironside, Daniel, 2a edição, 18a impressão, pág. 157).

Outro exemplo: A Bíblia termina com uma promessa, uma oração, e uma bênção. A promessa é preciosa: “Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém.” Imediatamente temos a oração: “Ora vem, Senhor Jesus.” Você já orou pedindo que Ele volte? “Mas para que? Ele não acabou de prometer que vem?” É óbvio que Ele vai voltar, e é óbvio que nossas orações não vão apressar a Sua vinda. Mas quando oramos pedindo a Sua volta, sabemos que estamos orando segundo as Escrituras. Manifestamos nosso desejo de receber aquilo que Deus nos prometeu dar, e é desta forma que podemos desfrutar plenamente da bênção com que a Bíblia termina: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém.”

“Ora vem, Senhor Jesus”.

© W. J. Watterson

Silenciando toda oposição

Em Mateus capítulo 22 lemos de um dia memorável na vida do Senhor Jesus aqui na Terra. Três grupos diferentes de Judeus vieram questioná-lO, procurando ver “como O surpreenderiam nalguma palavra” (v. 15). Além de deixar todos atônitos com Suas respostas, Ele ainda fez uma pergunta à qual “ninguém podia responder”. Como resultado daquele dia de perguntas, lemos que desde aquele dia ninguém mais ousou interrogá-lO (v. 46).

Primeiro vieram os Herodianos (vs. 15-22), acompanhados por alguns Fariseus, perguntando sobre pagar tributo a César. “Jesus, porém, conhecendo a sua malícia”, respondeu com palavras que se tornaram famosas: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Que todos nós vivamos assim!

“No mesmo dia chegaram junto dele os Saduceus” (vs. 23-33) com uma pergunta desonesta sobre uma ressurreição na qual não acreditavam. “Jesus … respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” E então o Autor das Escrituras revelou, com poder divino, alguns segredos sobre a vida no Céu. “E, as turbas, ouvindo isto, ficaram maravilhadas da sua doutrina.”

Por último veio um doutor da Lei, representando os Fariseus (vs. 34-40), com uma pergunta da Lei “para o experimentar”. A resposta clara e simples do Senhor fez com que o doutor admitisse que Ele respondera bem (veja Marcos 12:32).

E então, após todos os religiosos Judeus terem tentado achar falta no Senhor (e fracassado!), agora é a vez dEle fazer-lhes uma pergunta sobre o Messias: “Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é seu filho?” Mas o silêncio foi a única resposta que recebeu!

Mateus termina sua descrição desse dia com essas palavras: “E ninguém podia responder-lhe uma palavra; nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-lo.”

Verdadeiramente podemos dizer: “Nunca homem algum falou assim como este homem” (João 7:46). Faça questão de tirar tempo todo dia para ouvi-lO!

© W. J. Watterson

Prioridades (do Sermão da Montanha)

“Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta … Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas … Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão” (Mt 5:24, 6:33, 7:5).

Somente três vezes no Sermão da Montanha o Senhor Jesus usa a pequena palavra “primeiro” (proton, no Grego). Uma consideração destes versículos nos ajudará a acertarmos nossas prioridades.

Lembre — reconciliação vem antes de adoração. Como você pode querer oferecer algo a Deus enquanto continua com seu pecado? Como podem seus lábios engrandecerem ao Pai das Misericórdias enquanto seu coração despreza seu irmão? “Aceitaria Eu isso de vossa mão? diz o Senhor” (Ml 1:13). Não — primeiro vá reconciliar-se com seu irmão, depois vem apresentar a sua oferta a Deus.

Também, as coisas de Deus devem vir antes das nossas próprias necessidades. Quanto prejuízo sofremos devido à nossa falta de apreciação desta verdade! Como podemos esperar crescer no conhecimento de Deus e da Sua vontade enquanto nos preocupamos primeiro com as coisas deste mundo? Como podemos esperar agradá-lo enquanto não lhe damos o primeiro lugar? Vamos consertar nossas prioridades — busque primeiro o reino de Deus, e confie nEle para cuidar das suas necessidades terrestres.

Finalmente, há o problema da hipocrisia — a correção precisa começar em mim! Como podemos tentar ajudar nossos irmãos enquanto ignoramos nossas próprias falhas? Como podemos ser tão compreensíveis conosco mesmos, e tão insensíveis com nossos irmãos? Como somos hipócritas! Que saibamos examinar primeiro nossas vidas perante Deus, na solenidade santa da Sua presença, e então teremos a humildade e graça que são necessárias para ajudar nossos irmãos.

Senhor, ajude-me a definir minhas prioridades!

© W. J. Watterson

Mensagem pessoal — meu pai (2)

Meu pai e minha mãe já estão em casa (e jubilosos por estarem longe do hospital :-)
Muito obrigado a todos que oraram.

Mensagem pessoal — meu pai

“Senhor, eis que está enfermo aquele que Tu amas” (João 11:3).

Ontem de tardezinha meu pai (Ronaldo Watterson) foi internado. Peço suas orações, pois sentimos que ainda precisamos muito da ajuda dele aqui. Mas descansamos por saber que nosso Deus e Pai sabe melhor, e o ama melhor. Confiamos nEle para fazer o que for do Seu agrado.

Mensagem pessoal — esclerodermia

Um comunicado breve: exames revelaram que estou com Esclerodermia, uma doença auto-imune rara que afeta a pele e, em alguns casos, alguns órgãos internos. Fui ao médico levando os resultados de exames feitos alguns dias atrás, que mostram que, no momento, a doença está localizada (atinge apenas uma área oval medindo mais ou menos 7 x 2 cm, na cintura).

No momento, portanto, não há razão para preocupar. Mas suas orações serão muita apreciadas.

Amigos

“…há um amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18:24).

Alguns pensam que amigos são uma conveniência. Terão prazer em lhe abraçar se for conveniente para eles, mas se suas ações (ou omissões) começarem a lhes causar algum incômodo, você será colocado de lado. Pessoalmente, acho este tipo de amigo inconveniente.

Outros escolhem seus amigos pelas convicções deles (dos amigos). Seu caráter (ou falta de caráter) não importa, mas sim o que você crê. Acho mais fácil respeitar este tipo de pessoa — até certo ponto. Respeito suas convicções firmes, e sua coragem de defender estas convicções (pelo menos, sempre sabemos da sua posição!). Mas eu desprezo sua discriminação. Estão prontos a condenar um “oponente” (com prazer sádico) pela menor das falhas, enquanto defendem um “irmão” culpado de pecados graves. Que glória há nisso?

Por fim, há aqueles que escolhem seus amigos baseados em caráter. Estes são, eles mesmos, pessoas de caráter, que preferem um “oponente” honesto a um “irmão” enganador. Estes são aqueles com quem se pode contar — aqueles que estão dispostos a ir contra a maioria por amor à justiça, à eqüidade e à verdade. Eles podem discordar de você, mas respeitarão suas qualidades. O que mais se poderia esperar de um amigo?

Se você tem um amigo mais chegado que um irmão, considere-se realmente abençoado. E se os amigos terrestres lhe desapontarem, lembre das palavras do nosso amado Senhor e Salvador: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando” (João 15:13-14).

© W. J. Watterson

O Deus de paz

Deus é chamado de “Deus de paz” cinco vezes no Novo Testamento. Duas vezes lemos as palavras tão confortadoras: “O Deus de paz seja com vós” (Rm 15:33 e Fp 4:9). As outras três ocorrências deste título nos apresentam três coisas que o Deus de paz promove em nós.

Ele nos aperfeiçoa (Hb 13:20-21). “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo … vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a Sua vontade”. Você está crescendo em boas obras? Apesar de todas as nossas faltas e falhas, deve haver progresso nas nossas vidas, cada dia nos aproximando mais da perfeição.

Ele nos santifica (I Ts 5:23). “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo …” Neste mundo imoral e perverso, estamos permitindo que o Deus de paz santifique nosso espírito, alma e corpo?

Ele nos dará vitória (Rm 16:20). “E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés.” Que promessa bendita. Satanás será derrotado, e em breve. Maravilha de maravilhas, será debaixo dos nossos pés! O Deus de paz derramará o Seu juízo sobre o mal, para permitir que tenhamos uma paz perfeita e eterna. O mal que tanto nos aflige hoje será esmagado debaixo de nossos pés em breve, e teremos paz em todos os sentidos da palavra.

Conheça Deus, e encontre paz.

© W. J. Watterson

O Deus Altíssimo e Onipotente

“Aquele quhttp://www2.blogger.com/img/gl.link.gife habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará” (Sl 91:1).

O Altíssimo (Elion) é o Deus que está acima de qualquer outro ser, aquele cuja glória, honra, majestade e poder não têm rival. Este título é usado pela primeira vez na Bíblia quando Melquisedeque veio abençoar Abraão em nome do “Deus Altíssimo, o Possuidor dos Céus e da Terra” (Gn 14:18-24). Este é o Deus que permitiu que Abraão fosse vitorioso (vs. 1-17). O Deus Altíssimo é o Deus de todos os recursos e toda a glória — nada e nem ninguém estão acima dEle.

Quanto ao título Onipotente (Shadai), há três sugestões sobre sua raiz (veja a definição da enciclopédia Wikipedia: shadad (“destruir” — indicando assim o poder guerreiro de Deus, o Onipotente), shadda u (“habitante das montanhas” — um Deus alto e elevado), ou shadaim (“seio”). Eu prefiro esta última opção, pois ela sugere um cuidado terno e carinhoso, como o cuidado de uma mãe. Onde uma criança se sentirá mais segura do que no colo da mãe? Onde terá mais aconchego, paz e tranqüilidade do que nos braços da mãe? Alguém pode proteger um nenê com mais capacidade do que sua mãe, mas nunca com mais amor, dedicação e zelo! El Shadai é o Deus Provedor, o Pai que cuida de nós com amor de mãe.

Neste Salmo temos os dois títulos. Nosso Deus é El Elion, o Deus Altíssimo, mas é também El Shadai, o Deus Provedor. Jamais podemos duvidar da Sua capacidade para nos proteger — Ele é El Elion. Jamais podemos duvidar do Seu interesse em nos proteger — Ele é El Shadai.

© W. J. Watterson

Ouse ser um Daniel!

Estas palavras tão desafiadoras são a tradução de palavras escritas em inglês por Phillip B. Bliss em 1873 (http://www.cyberhymnal.org/htm/d/a/daretobe.htm — link em inglês). Elas revelam com admirável beleza a coragem e determinação deste servo de Deus, tirado do seu lar e da sua família enquanto ainda jovem, mas disposto a honrar o seu Deus em meio à idolatria da Babilônia.

Repare, porém, que a fidelidade de Daniel fez com que ele discordasse até mesmo de seus irmãos. Quando ele e seus três amigos decidiram “não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia” (Dn 1:8), eles foram separados de um grupo de jovens que estava sendo preparado para servir ao rei. Este grupo de jovens era composto de filhos de Israel, e não gentios (Dn 1:3). Os jovens que continuaram a comer a comida do rei eram irmãos (conterrâneos) de Daniel!

Qual será que foi a reação deles? Será que ficaram ofendidos com a atitude de Daniel? Será que o desprezaram? A Bíblia não nos revela esses detalhes. Ela também não menciona nenhuma insistência da parte de Daniel para que seus irmãos seguissem o seu exemplo, muito menos alguma tendência de desprezar aqueles que não o fizessem. Daniel e seus três amigos seguiram o caminho que o Senhor pôs diante deles, sem concessões e sem orgulho.

Quão difícil ser um Daniel! Se nossos irmãos não estão dispostos a seguir o caminho ermo que o Senhor coloca diante de nós, quão fácil retroceder, com medo de andar sozinho. Ou se avançamos, quão fácil fazê-lo com um espírito de orgulho e superioridade.

Tenha a coragem para fazer tudo o que o Senhor pede de você, sem concessões e sem orgulho! Ouse ser um Daniel!

© W. J. Watterson

Só um!

“E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante Mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; porém a ninguém achei” (Ez 22:30).

Um homem seria suficiente para preservar a cidade. Geralmente achamos que é preciso muita gente para fazer alguma diferença, mas a Palavra de Deus destaca, repetidas vezes, a importância do indivíduo. Ou seria melhor dizer, ela destaca as maravilhas que Deus pode fazer, mesmo com um único instrumento. O poder é sempre dEle.

Quem sou eu? Ninguém importante! Que sou eu? Nada! Mas se eu estiver disposto a ser apenas um remendo na brecha no muro, Deus poderá ser glorificado — mesmo que eu estiver sozinho. Só é preciso uma pessoa que esteja disposta a ser usada por Deus.

© W. J. Watterson

Escolhendo a fraqueza

Deus não escolhe como nós escolhemos. Basta uma olhada superficial nos instrumentos que Deus usou para realizar a Sua vontade, e veremos a confirmação das palavras do Espírito Santo: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo … e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo … e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são” (I Coríntios 1:27-28). Repare que foi Sua escolha — não era a Sua única opção! Ter à disposição apenas instrumentos fracos, e fazer o melhor que podemos com tais instrumentos, é uma coisa — mas escolher instrumentos fracos é bem diferente!

Mas por que escolher a fraqueza? Por que escolher os loucos, os fracos, os desprezíveis? O Espírito mesmo responde: “Para que nenhuma carne se glorie perante Ele … Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor” (I Coríntios 1:29-31). “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (II Coríntios 4:7). Ao escolher os instrumentos mais fracos que havia, Deus destaca o Seu poder. Falando sobre a esterilidade de Isabel (Lucas 1:7), Darby escreveu: “Deus realizou a Sua obra de bênção enquanto manifestava a fraqueza do instrumento que Ele usava” (The Man of Sorrows, Pickering and Inglis, pág. 10).

Entendemos essa verdade — mas como é difícil apreciá-la! Queremos ser usados pelo Senhor para a nossa glória. Queremos ser louvados pelos sacrifícios, pelas tribulações, e pelas coisas das quais abrimos mão. Queremos que nossos irmãos fiquem maravilhados com a nossa humildade. Queremos ser lembrados como instrumentos poderosos nas mãos de Deus. Queremos pensar que, se formos humildes, o Senhor fará com que todos nos honrem — se sofrermos perda por Ele, todos ficarão admirados da nossa dedicação. Queremos que o Senhor realize a Sua obra de bênção enquanto manifesta o quanto somos úteis na Sua obra.

Mas sabemos, bem lá no fundo, que para Deus receber toda a glória, eu devo ser esquecido! Como disse João Batista: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30). Precisa acontecer — é necessário! Para que Deus seja glorificado, a vasta maioria daqueles que me cercam deve se maravilhar da minha loucura, da minha fraqueza, da minha falta de preparo para a obra a ser feita.

Será que realmente quero isso? Posso dizer “Amém” às palavras do Senhor: “Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mateus 11:25)? Ou será que ainda sofro ao pensar na possibilidade de ser desprezado e despercebido? Quero que o Senhor receba toda a glória — ou quero uma parte dela para mim?

Eu sei que Deus escolhe os fracos e loucos — quero que Ele escolha a mim? “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos” (Salmo 139:23).

© W. J. Watterson

Segredos do coração

“O coração conhece a sua própria amargura, e o estranho não participará no íntimo da sua alegria” (Provérbios 14:10).

Há coisas no coração de cada indivíduo que apenas ele conhece. Há amarguras que só ele pode medir, e alegrias nas quais ninguém mais participa. Há lágrimas que ninguém vê, risos que ninguém ouve. Há coisas que não podemos repartir, mesmo se quisermos.

Você conhece a dor que eu sinto pela morte de um ente querido? “Sim, eu também já os perdi”, você responde. Desculpe-me, mas não — você não perdeu quem eu perdi. Você sabe medir a alegria que sinto pela esposa e filhas que Deus me deu? “Sim, eu também tenho uma linda família”. Perdão, mas é diferente! As pessoas envolvidas, as circunstâncias, o tempo — tudo é único! Você pode ser capaz de chegar perto do que sinto, mas não importa quão bem você me conheça, sempre haverá os segredos do coração!

Senhor, ajude-me a lembrar que não conheço os segredos dos corações que me cercam. Ao tentar consolar o que chora, faça-me lembrar que eu não conheço a sua amargura, para que minha insensibilidade jamais aumente sua dor. Ao ver alguém alegre, faça-me lembrar que eu não posso participar no íntimo da sua alegria, para que minha insensibilidade jamais diminua o brilho do seu sorriso!

Senhor, ajude-me a lembrar que ninguém conhece os segredos do meu coração. Se parece que ninguém chora pela minha dor, é só porque não sentiram o açoite que eu recebi. Se parece que ninguém se entusiasma com aquilo que me alegra, é só porque não viram o brilho que eu vi.

Ajude-me a respeitar os segredos do coração alheio, e a aceitar que ninguém conhece os segredos do meu!

© W. J. Watterson

Leia também o poema “Não julgues

Não omitas nenhuma palavra

Deus disse a Jeremias: “Põe-te no átrio da casa do Senhor e dize … todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não omitas nenhuma palavra.” A Bíblia confirma a obediência fiel de Jeremias, e o preço desta fidelidade: “E sucedeu que, acabando Jeremias de dizer tudo quanto o Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram nele os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, dizendo: Certamente morrerás” (Jeremias 26:2-8).

Nem sempre é sábio falar tudo — Salomão nos ensina que “na multidão de palavras não falta pecado, mas o que modera os seus lábios é sábio” (Provérbios 10:19). Saber calar-se, e permanecer calado, é uma virtude das mais preciosas!

Mas há “tempo de estar calado, e tempo de falar” (Eclesiastes 3:7). Se Deus nos revela a Sua vontade, e nos manda transmiti-la ao Seu povo, teremos a coragem de falar tudo, sem omitir nenhuma palavra? Ou esconderemos as partes mais desagradáveis da mensagem para não ofender os ouvintes?

Que Deus nos dê a fidelidade dos profetas!

© W. J. Watterson

Seus caminhos e Seus feitos

“Fez conhecidos os Seus caminhos a Moisés, e os Seus feitos aos filhos de Israel.” (Salmo 103:7). Há uma enorme diferença entre conhecer os caminhos do Senhor, e conhecer os Seus feitos.

Conhecer os Seus feitos é ver o que Ele faz — ver a realização eficaz dos Seus propósitos, entender quais coisas vêm da Sua mão e quais vêm do inimigo. Conhecer os Seus feitos é conhecer o Seu trabalho.

Conhecer os Seus caminhos é ver o que Ele pensa — ver os desejos do Seu coração e os mistérios da Sua mente, entender o que Ele deseja, amar o que Ele ama e odiar o que Ele odeia. Conhecer os Seus caminhos é conhecer o Seu coração!

Certamente é um grande privilégio conhecer os feitos de Deus — mas nada se compara à alegria de conhecer Seus caminhos! Os filhos de Israel foram mais bem-aventurados do que os gentios, pois conheceram Seus feitos — mas Moisés foi duplamente bem-aventurado, pois também conheceu Seus caminhos!

O que desejo hoje? Posso dizer, com Paulo: “Tenho também por perda todas as coisas ... para conhecê-lO” (Filipenses 3:8-10)? Estou buscando o único conhecimento que realmente satisfaz?

© W. J. Watterson

A enchente do Jordão (Jeremias 12:1-6)

Há épocas em que parece que todos os rios transbordaram. Sinto-me assim nesses dias: tudo parece difícil. Por isso foi especialmente confortante ler ontem sobre o questionamento de Jeremias e a resposta que ele recebeu do Senhor.

“Por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz todos os que procedem aleivosamente?” Será que eles nunca sofrem oposição? Será que tudo é sempre fácil para eles? Por quê?

Deus diz: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão?” Os pequenos problemas que enfrento hoje estão me preparando para competir com cavalos. As pequenas adversidades desse dia presente moldam nosso caráter, de tal forma que quando o Jordão transbordar, ficaremos firmes.

Quem nunca teve adversidade é fraco. Quem nunca sofreu, nunca cresceu. Os ímpios, coitados, serão os primeiros que o Jordão levará. Mas aqueles que aprenderam a confiar em Deus no meio das tribulações não serão arrastados pela enchente do Jordão.

Portanto, aceitemos de bom grado as tribulações — gloriemo-nos nelas! (Romanos 5:3-5).

© W. J. Watterson

Gloriando-se no Senhor

"Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender e Me conhecer, que Eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor" (Jeremias 9:23-24).

De que me orgulho? Da minha suposta sabedoria? Da minha força (tão limitada)? Das riquezas (tão passageiras)? Tudo isso é vaidade! Mas se eu entender e conhecer meu Senhor; se eu puder crescer mais e mais nesse conhecimento, dia a dia; então, sim, terei de que me orgulhar!

Vale a pena gastar tempo hoje adquirindo esse conhecimento!

© W. J. Watterson